segunda-feira, 14 de maio de 2012

Sassetti - o silêncio agora é eterno

Oiço o apelido Sassetti desde que me entendo por gente. Isto é, desde a idade dos namoricos, das amizades e das "baldas" às aulas de latim para um belo jogo de matraquilhos num convidativo dia de sol. Falo dessa bonita época que passei no Liceu Pedro Nunes. Sítio onde convivi com filhos, netos e bisnetos de ilustres portugueses, entre eles os Sassetti. Longe estava de imaginar que hoje escreveria sobre o desaparecimento do mais ilustre dos Sassetti. O músico que, através do som que emanava do seu piano de cauda, nos falava;  que comunicava através das teclas brancas e pretas e que buscava no silêncio a mais bela das melodias. Levou Portugal por esse mundo fora e, como tantos outros que nos fazem tanta falta, deixou-nos sem pedir licença. Se pedisse, certamente não daríamos. Alguém que se destaca neste país pelo mais belo motivo, pela mais bela melodia, que nos fazia ter orgulho de sermos portugueses - porque assim não éramos só aquele país triste e pequeno do fado , mas o país do Bernardo Sassetti - não nos deveria deixar sozinhos. Entregue a esta má sorte e a esta gente que só nos deixa mais e mais pequenos. O Bernardo fazia-nos sentir enormes. O Céu estará à sua altura. Os maus, os ruins e os piores por cá ficam e nós, Bernardo, tão longe de si e do seu silêncio... Aos meus colegas do tempo do Liceu que têm sobre os seus ombros a enorme responsabilidade de elevar o apelido Sassetti. 



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